1) Constituído de elementos heterogêneos juntados
desordenadamente; misturado, mesclado, embaralhado.
2) Misturado ou compartilhado com elementos de conduta reprovável ou suspeita
3) Que ocorre por acaso; fortuito, eventual, ocasional
4) Regionalismo: Brasil. Que tem relações sexuais com inúmeros parceiros e sem selecionar muito (diz-se de indivíduo)
2) Misturado ou compartilhado com elementos de conduta reprovável ou suspeita
3) Que ocorre por acaso; fortuito, eventual, ocasional
4) Regionalismo: Brasil. Que tem relações sexuais com inúmeros parceiros e sem selecionar muito (diz-se de indivíduo)
Promiscuidade. Acepções: substantivo feminino
1) Característica do que é promíscuo.
2) Mistura confusa, desordenada.
3) Relacionamento sexual não monogâmico, com muitos parceiros diferentes.
4) Regionalismo: Brasil. Convivência muito próxima com pessoas de todo tipo.
5) Rubrica: sociologia. Relacionamento sexual não regido por leis ou regras. (ambas as definições são do Dicionário Houaiss)
2) Mistura confusa, desordenada.
3) Relacionamento sexual não monogâmico, com muitos parceiros diferentes.
4) Regionalismo: Brasil. Convivência muito próxima com pessoas de todo tipo.
5) Rubrica: sociologia. Relacionamento sexual não regido por leis ou regras. (ambas as definições são do Dicionário Houaiss)
Já dizia Machado de Assis que "a melhor definição de amor não
vale o beijo de moça enamorada". Em relação à promiscuidade, talvez seja a
mesma coisa - exagerando um pouco na comparação. Afinal de contas, somos mesmo
todos promíscuos ou isso é coisa da cabeça de falsos moralistas e coisas do
tipo? O caso é que, em tempos pós-AIDS e afins, esse tipo de comportamento
virou algo pior do que palavrão. Não é raro encontrar quem já tenha sido
tachado – ou melhor, acusado – de ser promíscuo.
“Fiquei sabendo por um rolo meu que um cara que ele conhecia falou
horrores de mim quando soube que a gente estava ficando. Entre outras coisas
fui acusado de ser promíscuo, mas com uma carga na palavra que mais parecia que
eu era o anticristo. Concordo que não tenho um comportamento celibatário, mas
daí a ser acusado de promíscuo eu acho um pouco demais, até porque quem me
acusou já teve (ou ainda tem) um comportamento pior do que o meu” diz o
empresário Leonardo, 27 anos, morador do Vale do Paraíba. Ele ainda questiona:
“Todo gay já teve uma fase de pura e simplesmente ‘fast-fodas’, em que não quer
saber de relacionamento sério, quando você só quer curtir a vida. Ou seja, se
for analisar por este ângulo, todo mundo já teve um passado promíscuo, ainda
que atualmente não seja. Mas quem é mais errado, então? Eu, que já curti muito
mas quando namoro sou fiel, ou aqueles que dizem namorar mas caem na farra
assim que o namorado vai pra casa”?
O primeiro ponto a ser discutido é que o conceito de promiscuidade
é relativo. Quem transa com 10 pessoas numa noite e conhece alguém que transa
com 30, logicamente vai achar que promíscuo é o outro – ainda que também possa
ser considerado promíscuo. Ao mesmo tempo, um virgem tímido pode pensar da
mesma maneira em relação a alguém que, numa noite, beijou mais de uma boca. Daí
a dificuldade de se definir parâmetros em relação ao tema. Mas, em se tratando
do Ministério da Saúde, podemos dizer que toda a humanidade está condenada:
segundo o órgão, “qualquer pessoa com mais de três parceiros por ano é
considerada ‘promíscua’, independentemente da orientação sexual. Ninguém é mais
ou menos promíscuo por ser homo ou heterossexual”.
Mas se o próprio Ministério da Saúde afirma que não há
diferenciação entre o grau de promiscuidade baseando-se apenas na orientação
sexual da pessoa, por que a fama de promíscuos é maior quando se trata de
homossexuais? Chegamos a um ponto em que, novamente, não há consenso, nem mesmo
entre os gays. Fernando, analista de sistemas mineiro, se contradiz na própria
resposta: “Essa afirmação generalizada que gays são promíscuos é mais vinculada
ao homem, em geral, mas não acredito que todos são. A razão da fama... Bom, a
maior parte dos homens é mesmo”. O jornalista paulistano William, de 41 anos,
já vê a coisa por outro ângulo: “Não concordo com a tese de que todo gay é
promíscuo. Eu, por exemplo, sou evangélico e acredito numa relação estável
entre dois caras, além de conhecer pessoas assim”.
Mas então o que seria o ponto de partida dessa ideia generalizada
em relação à promiscuidade gay? “O fato de estar sempre com parceiros
diferentes”, diz William. “O comportamento dos gays na própria Parada... Acho
que paquerar é uma coisa, mas tem gente que tira quase toda a roupa, coloca o
pinto pra fora – e lá tem também famílias, crianças, etc. Acho que o gay tinha
que pensar numa maneira de conseguir o respeito da sociedade para sermos vistos
como pessoas, não como animais”. Mas, comportamentos em eventos à parte, o que
explica a constante troca de parceiros? “A busca pela pessoa ideal. Simples
assim”, afirma Fernando que, aos 33 anos, nem tem ideia de quantos parceiros já
teve. E quando a busca não chega ao fim? “É o meu caso... Eu sou mesmo
promíscuo, confirmo. Mas quando estou com alguém, sou fiel – e apenas aquele um
me basta”.
O fato é que a fama de promíscuo permeia tanto o meio gay que
mesmo quem não tem esse tipo de comportamento acaba se considerando como tal. É
o caso do carioca Juliano: aos 36 anos, está casado há nove com o mesmo homem,
sempre fiel. “Hoje em dia, por ter alguém de quem eu realmente gosto, não
transo com outros caras, até por uma questão de respeito. Mas eu acho que sou
de índole promíscua sim, sei lá. Antes de casar fiquei com 15 caras diferentes,
isso num período de seis meses”, conta. Quinze parceiros em seis meses? A média
é de 2,5 homens por mês. Numa época em que muita gente fica com pelo menos o
dobro disso numa única noite, Juliano ainda acha que foi promíscuo?
“Ah, ter ficado com 15 pessoas diferentes em seis meses é
promiscuidade, sim. Ok, lá na praia eu já vi o povo fazer mais que isso num dia
(risos), mas eu acho que meu comportamento pré-casamento entra na definição de
promiscuidade, e a maioria de meus amigos solteiros acho que é promíscua
também”. O médico até arrisca uma explicação pro fato... “É notório que o
desejo sexual é diferente por um parceiro novo, comparando a um parceiro a que
você já está acostumado. Não que seja melhor ou pior, mas a ‘novidade’ do outro
corpo, da descoberta, já não existe mais no seu parceiro de todo dia”.
Mesmo com toda essa argumentação, William faz uma ressalva: “A
fama de promíscuos é dos gays sim, mas eu não acho que seja exclusividade. Como
esse tipo de preconceito vem de longe, continua se espalhando – mas eu acredito
que hoje a sociedade, como um todo, caminha neste sentido. A promiscuidade não
é só no mundo gay, é no geral – os valores estão invertidos, as pessoas estão
muito livres, muito soltas, sem regras de comportamento. A evolução tecnológica
mundial não acompanhou o básico – a evolução comportamental”.
Ainda assim, ainda é possível especular sobre outras causas da
promiscuidade. No meio hetero, sim, pode se tratar de uma tendência social
(basta avaliar as danças de carnaval, bailes funk e afins). Já no meio gay, a
promiscuidade pode ter se originado – em parte – por culpa da própria
sociedade. Certo, existe o componente sexual da coisa; mas existe também a
dificuldade de se relacionar entre os gays – como manter um relacionamento,
como executar a manutenção dessa relação se a sociedade não aprova? Chega a ser
irônico: a mesma sociedade que rotula os gays como promíscuos não aceita quando
dois homens querem “abandonar” a promiscuidade – ou seja, casar e morar juntos,
como outro casal qualquer.
E você? É promíscuo? ;-)